sábado, 10 de março de 2012

Saindo da rotina

Imagens do Google
Numa casinha distante, toda enfeitada de flores, cortinas de renda esvoaçantes e uma varanda aconchegante morava um casal de idosos já bem conhecido da vizinhança, não apenas pelo tempo que moravam ali, mas também pelos hábitos que tinham. Todos os dias o velhinho levantava, fazia o café e arrumava a mesa, para então chamar sua amada para lhe fazer companhia. Esperava com paciência que sua companheira arrumasse os cabelos, vestisse o robe de seda florido e fizesse ainda outros rituais de vaidade que a idade não levara. Pronta, a amada vinha sentar-se na varanda e em silêncio o casal tomava uma xícara de café forte, sempre em silêncio, ouvindo apenas o som da manhã. Só então se sentavam à mesa para se deliciar das panquecas com mel, rosquinhas, bolos e um delicioso suco natural que tão carinhosamente o esposo preparava todos os dias. Agora conversavam. Ela sempre achava para falar de novelas e receitas da televisão e ele a ouvia, desde o primeiro dia de casado foi assim. Ele achava graça em tudo o que a mulher contava. Eram coisas fúteis, mas, era o que ela queria falar, coisas que eram importantes para ela e ele a achava linda, prestava atenção em cada detalhe, todos os dias. Terminado o café da manhã o casal sempre juntos sorrindo molhavam as plantas, cuidavam das flores da varanda e deixavam o quintal limpinho, sem nenhuma folha e só  então caminhavam pela praça da pequena cidade serrana. Isso acontecia todos os dias como um ritual. Porém, hoje pela manhã as janelas da casa não se abriram no horário de costume, nem mais tarde, não houve nenhum movimento lá na casinha. Os vizinhos preocupados chamaram os filhos do casal, a ambulância da cidade e a polícia. A casa ficou rodeada de curiosos. Bateram na porta e nenhum sinal. Decidiram arrombar a porta e o fizeram. Entraram alguns curiosos, um dos filhos e o médico legista. Nada na sala, nada no quarto e nada no banheiro. Todos foram para a cozinha e finalmente na porta da geladeira uma foto do Hawaí e um bilhete: "A quem possa interessar: Estamos no Hawaí comemorando nossas Bodas de Ouro. Saindo da rotina diretamente para mais uma lua de mel. Fiquem traquilos". Todos ficaram aliviados! Bem, acho que alguns ficaram um pouco decepcionados, queriam algo trágico para agitar a cidade.

12 comentários:

chica disse...

Que coisa linda!!! E tomara todos pudessem sair das rotinas dessa maneira e desapontar ou outros assim... Verdadeiramente há os que querem tragédias... E ali, houve apenas a celebração de um lindo amor!! Adorei! beijos,chica

ana ferreira disse...

Nossa eu já fui ficando apavorada pensando que eles tinham morrido,gostei mais desse final,a segunda lua de mel foi bem mais legal!Daqui a pouco você vai estar escrevendo novelas em prima!

Majoli disse...

Ah eu amei por demais.
Um amor assim é tão raro de se ver.
E essa mudança de rotina, que a todos assustou, para os dois foi algo de celebração e que não viram necessidade alguma de compartilhar, queriam viver isso sozinhos.

Amei Edilene.

Beijos.

Jo Turquezza disse...

Imaginei um final assim mesmo, só que parecia que eles estavam numa praia de nudismo rsrsrs
Viver, sempre ........

Edi, veja lá no meu blog um selo com um link para o Blog da Elaine. Concurso de contos. Participa vai ........
Beijos.

Anne Lieri disse...

KKK...Por esse final ninguem esperava!Adorei seu conto,Edilene!Todos os casais deveriam fazer o mesmo pelo menos uma vez na vida!Bjs,

Letradinha disse...

Uau que legallll,adorei mesmo,vc escrever muito bem viu!Adorei,obrigada pela sua visita lá no meu blog.Bjos e volte sempre!:)

Felisberto T. Nagata disse...

Olá!Boa noite!
Realmente...seus escritos tem uma suavidade...e bem concatenada...sem cansar o leitor...
Ainda bem, que o final foi BEM FELIZ, longe de agitar a cidade e os familiares!
Boa quarta!
beijos

Anne Lieri disse...

Di,hoje passei só pra avisar que tem fada sua no Recanto,obrigada!Bjs,

Terezinha Guimarães disse...

OLÁ QUERIDA, TEM SELINHO PARA VC, PASSA LÁ NO MEU BLOG.
ABRAÇOS

www.poetizarpoetizar.blogspot.com

Unknown disse...

Olá Edilene, finalmente estou conseguindo conciliar tempo com visitas aos parceiros e peço desculpas por não a ter visitado antes.
Sua escrita é sóbria, sem muita descritiva, o que não a torna cansativa, muito pelo contrário.
Gostei muito da história em si, gosto de histórias calcadas na realidade e, quando a realidade se mostra de modo bom, melhor ainda.
Realmente, também acredito que muitos deste conto ficaram decepcionados, sempre há alguém com o desejo mórbido em relação a desgraça alheia. Temos como exemplo quando acontece algum acidente na rua, enche de "urubus" atrás de alguma carniça. O ser humano consegue por vezes ser lamentável.

Toninho disse...

Uma vida feita de valorização um do outro proximos da perfeita relação,que faz doações.
Bela criatividade amiga com uma boa critica aos urubus de plantão. Quando vi a foto pensei que eles tinham ido para Tambaba.
Muito bom seu conto.
Carinhoso abraço.
Beijo.

Duas Moças Prendadas disse...

rssss, amei !Realmente tem pessoas que agem extamente assim , preferem ver tristezas do que pessoas realizadas !
bjim !