sexta-feira, 30 de março de 2012

Coincidências: Um telefonema pode mudar sua vida (Parte 1)



Ela passou o dia no salão de beleza. Fez tudo o que uma rainha merece. Ficou linda. Ao chegar em casa terminou de preparar o jantar, arrumou a mesa, preparou o gelo para o champagne, colocou uma música e foi se arrumar. O vestido lindo em seda vermelha desceu perfeitamente em seu corpo esguio e atlético. Retocou a maquiagem e enquanto esperava seu amado bebericava um Martini. A noite prometia. Ela esperou por tanto tempo esse momento. Seria uma noite perfeita e mágica. Tocou uma música, duas e nada. Nem lembra mais quantas vezes olhou pelo olho mágico da porta na esperança que Carlos estivesse do outro lado. Sentou para esperar, já estava tudo pronto e seu amado provavelmente tivera algum imprevisto. Dormiu. Quando acordou já passavam de duas horas da manhã. A lua ainda brilhava no alpendre da varanda, as velas se apagaram, no balde de gelo sobrou apenas água  e o jantar estava frio em cima da mesa.
Ele não veio. Outra vez, combinou e não veio. Sempre tinha uma desculpa para suas ausências. Mas, agora ele deu sua palavra. Não conteve as lágrimas e chorou. Olhou para o telefone e não resistiu. Ligou para ele. Sua voz estava sonolenta, mas ela estava zangada demais para bom senso. Ela falou, reclamou e contou de tudo o que fizera para esperá-lo e de como estava se sentindo. Do outro lado, silêncio e ela continuou: – Vamos responda, diga alguma coisa, covarde?
Mas alguns segundos e ele respondeu:
– Não sou Carlos, se fosse estaria contigo! Não te faria chorar! Sou Vítor.
Ela secou as lágrimas, pediu desculpas e nem deu tempo pra que o estranho respondesse algo. Desligou!
Tomou mais uma dose de Martini e foi se deitar do jeito que estava.
Pela manhã lembrou-se da frustração que sofrera na noite anterior. Andou pela casa, tomou um café sem açúcar, mas não estava deprimida como nas outras decepções que já sofrera, agora estava diferente. Lembrava da voz de Vítor e seu rosto corava. A frase de Vítor: "Não te faria chorar" martelava em sua cabeça e às vezes um frio lhe corria pelo corpo. Não quis sair, arrumou toda a casa e ficou deitada. Não queria fazer nada!
Estava anoitecendo quando o telefone tocou. Não queria falar com Carlos nunca mais!  O telefone insistiu e ela atendeu em silêncio. Não era a voz de Carlos:
– Não resisti, só liguei para saber se você está bem!
Era Vítor.  Sentiu vontade desligar, mas aquela voz a convidava a ouvir mais.
Ela desculpou-se novamente pelo telefonema na noite anterior. Ele disse que não era necessário pedir desculpas e também contou que não conseguiu tirá-la da cabeça um só minuto.
Conversaram horas, trocaram emails e ele pediu para ligar outras vezes.
Ficaram amigos, durante meses conversaram todos os dias. Até que ele a convidou para uma festa. Hesitou um pouco, mas aceitou. Afinal, Carlos já era página virada. Ele nunca mais a procurou.
Na noite do encontro ela esperava ansiosa, dessa vez parece que nenhuma roupa lhe caia bem. Depois de muitas peças experimentadas decidiu por um vestido verde esmeralda combinando com seus olhos. Fez uma maquiagem discreta e bebericou uma dose de Martini para relaxar. A campanhia tocou, ela abriu a porta e ficou extasiada... (continua no  próximo post)






segunda-feira, 26 de março de 2012

Para o meu menino João


O menino chinês
comprou um peixinho.
Descobriu que era japonês,
seu lindo amiguinho.

Passavam o dia juntos,
como amigos de verdade.
Cada qual no seu mundo,
vivendo uma forte amizade.

Era um peixinho diferente,
companheiro de todas as horas.
Comportava-se como gente,
só não ia para escola.

Todos os dias os amiguinhos,
passeavam pela cidade:
Museus, praças e parquinhos,
tudo era felicidade.

Mas um dia o chinesinho
passou perto de um lago,
cheio de peixinhos japonesinhos,
e seu peixe saltou do aquário.

O chinesinho saltou na água
atrás do seu amiguinho.
E com um pouco de mágoa:
– Puxa! Trato- te com tanto carinho!

Com o tempo o peixinho,
já não era mais aquele!
Vivia desanimadinho
–  O que será que deu nele?

Fazia tudo para agradar o peixinho,
Nada adiantava, estava triste de verdade.
Entendeu que por amor ao amiguinho.
teria que lhe dar a liberdade.

Foi uma decisão difícil!
Hoje o peixinho vive no lago.
Amigos têm mais de mil,
mas o chinesinho não fica de lado.

Ele aprendeu que amor e amizade,
não é prender só pra você.
É sempre dar liberdade,
para que o outro possa viver!

Poema baseado na história que o João fez com o livro Flop (Livro de imagens)
Dedico ao meu filho João,a quem um dia eu também, mesmo com tanto amor,  terei que "soltar" para vida.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Não posso mais...

Não posso mais te olhar
Teu olhar me aprisiona.
Não sou mais pássaro livre,
que podes prender.
Fujo de ti.
Desse oceano que tens nos olhos.
Tenho medo da âncora que me ofereces.
Não sou naufrágo.
Não posso mais.
Não posso mais ter tua amizade.
Meu ser dói quando me aproximo de ti.
Mais um pouco.
E não poderei mais fugir.
Não terei mais forças
para fugir daquilo que mais quero:
Você!

Selinho presente da amiga Terezinha do blog Poetizar ( Poesias infantis)
Obrigada pelo carinho!

sábado, 10 de março de 2012

Saindo da rotina

Imagens do Google
Numa casinha distante, toda enfeitada de flores, cortinas de renda esvoaçantes e uma varanda aconchegante morava um casal de idosos já bem conhecido da vizinhança, não apenas pelo tempo que moravam ali, mas também pelos hábitos que tinham. Todos os dias o velhinho levantava, fazia o café e arrumava a mesa, para então chamar sua amada para lhe fazer companhia. Esperava com paciência que sua companheira arrumasse os cabelos, vestisse o robe de seda florido e fizesse ainda outros rituais de vaidade que a idade não levara. Pronta, a amada vinha sentar-se na varanda e em silêncio o casal tomava uma xícara de café forte, sempre em silêncio, ouvindo apenas o som da manhã. Só então se sentavam à mesa para se deliciar das panquecas com mel, rosquinhas, bolos e um delicioso suco natural que tão carinhosamente o esposo preparava todos os dias. Agora conversavam. Ela sempre achava para falar de novelas e receitas da televisão e ele a ouvia, desde o primeiro dia de casado foi assim. Ele achava graça em tudo o que a mulher contava. Eram coisas fúteis, mas, era o que ela queria falar, coisas que eram importantes para ela e ele a achava linda, prestava atenção em cada detalhe, todos os dias. Terminado o café da manhã o casal sempre juntos sorrindo molhavam as plantas, cuidavam das flores da varanda e deixavam o quintal limpinho, sem nenhuma folha e só  então caminhavam pela praça da pequena cidade serrana. Isso acontecia todos os dias como um ritual. Porém, hoje pela manhã as janelas da casa não se abriram no horário de costume, nem mais tarde, não houve nenhum movimento lá na casinha. Os vizinhos preocupados chamaram os filhos do casal, a ambulância da cidade e a polícia. A casa ficou rodeada de curiosos. Bateram na porta e nenhum sinal. Decidiram arrombar a porta e o fizeram. Entraram alguns curiosos, um dos filhos e o médico legista. Nada na sala, nada no quarto e nada no banheiro. Todos foram para a cozinha e finalmente na porta da geladeira uma foto do Hawaí e um bilhete: "A quem possa interessar: Estamos no Hawaí comemorando nossas Bodas de Ouro. Saindo da rotina diretamente para mais uma lua de mel. Fiquem traquilos". Todos ficaram aliviados! Bem, acho que alguns ficaram um pouco decepcionados, queriam algo trágico para agitar a cidade.